Imaginávamos tantas coisas, tantos futuros. Fingíamos que seria para sempre, mesmo com tantas certezas de que eternidade não existia. Eu jurava que não haveria nenhum outro além de você. Sim, eu era tua. Tão tua que não havia ninguém que pudesse desfazer isso. Ainda tenho algumas lembranças daqueles momentos que me faziam sorrir, e daqueles abraços que me protegiam do mundo lá fora. Sabíamos que o tempo passaria, mas disfarçávamos que os “tic tacs” do relógio não acelerariam nosso amor. Sou tão idiota assim por ainda ter esperanças de te ver voltar? E não seria bom te ver tocar a campainha e me esperar abrir a porta, mesmo sabendo que me faltaria coragem pra isso? Iríamos permanecer abraçados, e você continuaria pensativo, ouvindo os soluços do meu choro. Já aguentei tanta coisa sobre a gente. E ainda assim sabia que valia à pena pela maneira de como nos completávamos. Sim, nos completávamos, assim como peças de um quebra cabeça. E mais uma vez, pensamos no para sempre. Até que você foi embora. Levou suas roupas, nossas fotos, meu número de celular, o endereço da minha casa, e fez questão de colocar meu coração na mala. Mas o engraçado é que você não levou a saudade. Sabe, a saudade? É aquela que me visita todos os dias, perguntando pelo seu nome. Finjo não saber o que aconteceu, mesmo sabendo: nos perdemos. Hoje, te vejo passar por aí, e sou obrigada a agir como se fosse um estranho. Mas não um estranho qualquer. Tu nunca vai ser um qualquer na minha vida. Porque entre todas essas pessoas, você que me ensinou o que é amar. Ainda faço de conta que sou apenas uma iniciante, tentando descobrir o que realmente é amor. Durou? Mas é claro que durou. Durou o bastante para saber que eu passaria por tudo outra vez.
Ah droga, olhe só para essas estrelas no céu. Como brilham. Engano-me pensando que estamos juntos de novo. Deveríamos ter nos esforçado mais, porque ainda não acabou. Acho que sou idiota profissional por ficar me torturando pensando em nós. udo ainda será resgatado. As vezes em que você me pegava pela cintura e me fazia cócegas para ouvir minha risada estranha. As vezes que passeávamos, e as pessoas sabiam que éramos muito além de melhores amigos. Quando você me chamava para ir dormir contigo em plena madrugada. Quando você acordava cedo para preparar aquele café da manhã improvisado, para brincar com o meu cachorro e ainda sorrir ao me ver acordar com o cabelo todo bagunçado. De quando você reclamava da minha demora para trocar de roupa. Ah, eu sinto falta até das brigas e dos xingamentos! É, eu lembro… lembro de como você gostava de me chamar de “bebê” e de morder minha boca. Lembro de que planejávamos de ter dois filhos, uma menina e um menino de preferência. Lembro de quando ficávamos rindo, enquanto tentávamos dormir. Lembro das guerras de travesseiro. Lembro das noites frias que ficávamos assistindo tv, deitados na cama quentinha. Lembro daquela sua gata de estimação que eu tanto gostava. Lembro das tardes quentes que íamos à praia para que você pudesse me ensinar a surfar. Eu gostava tanto disso, e não era diferente contigo. Repito: não acabou.
Ah meu amor… nós sumimos. Fomos idiotas por pensar que seria suficiente? Fomos idiotas por deixar que acabasse com o tempo? Desculpa por isso, mas você ainda me tem. O problema? Não houve algum específico. Mas alguns “por quês” passaram a me investigar. Por que não me procurou, para tentar me fazer ficar? Por que não dói para você, tanto quanto dói para mim? Por que não aprendi quando criança que saudade machucava? Por que você não deixa de ser idiota e vem pegar aquela sua blusa que está esquecida no chão do meu quarto? Por que não tentamos nos resgatar? Por que você não me salva? Por que não salva a si mesmo? Por que não me chama de sua menina? - passo a compreender melhor: não haverá diferença nenhuma sem as nossas atitudes. - E que tal se eu deixar o orgulho de lado e for te procurar? Mas agora aprendi finalmente: dói perder alguém que você achou que estaria contigo pra sempre - afinal, “para sempre” não passam de dez letras no alfabeto - Sim, eu fui real naquela expectativa de te amar mais que tudo. Aliás, consegui. Pena que você não deu valor pra isso.
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